Os vocábulos lipoaspiração e lipoescultura fazem parte do repertório de muitas pessoas, mas também geram confusão no que diz respeito ao conceito de cada um. Portanto, para explicar a diferença entre o significado destes procedimentos estéticos, entrevistamos o cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP/GO), André Amadeu, que desmistifica alguns mitos, esclarecendo verdades sobre estas cirurgias plásticas.
O Dr. André Amadeu explica que estes termos geralmente são conceituais a diferença é conceitual, podendo dizer que se tratam da mesma conduta. Quanto ao conceito da lipoaspiração, ele é definido “como “o recurso utilizado para a confecção da lipoescultura, - tanto se realizada somente a retirada da gordura quanto com sua reintrodução em outras áreas “-. Há informações errôneas quanto a esta cirurgia, que são geradas por casos excepcionais de pacientes operadas em condições adversas à normalidade”.
Estética e Plástica – Lipoescultura é uma cirurgia perigosa?
André Amadeu – Mito, pois muitos pacientes imaginam que fazer uma lipo seja mais arriscado do que fazer uma abdominoplastia, ou uma plástica de mamas, todavia não é verdade. Entendam que o risco de uma cirurgia está relacionado às perdas durante a sua realização, a exemplo, de líquidos, eletrólitos, proteínas, elementos da coagulação e células sanguíneas; ao tempo de duração do procedimento cirúrgico e a(por crase) nobreza do local a ser operado o paciente. Em todos estes quesitos, a lipo posiciona-se como de baixo risco, no entanto, a razão de muitas pessoas pensarem que esta cirurgia é perigosa refere-se à divulgação de casos de complicações e até de óbitos.
A divulgação nos dá uma noção falsa de risco porque, na maioria das vezes, a lipo foi realizada por profissional não habilitado, em condições inadequadas, além de ser associada a várias outras cirurgias de uma única vez. E quem leva a fama é a lipo.
O Brasil realiza cerca de setecentas mil cirurgias plásticas anualmente. Então, a mídia noticia cerca de meia dúzia de óbitos por ano, o que já é suficiente para as pessoas pensarem que morre muita gente em cirurgia plástica e, na maioria dos casos, os responsáveis por estes óbitos não são cirurgiões plásticos.
A chance de um paciente morrer em uma cirurgia plástica realizada em condições adequadas e por profissional devidamente qualificado, é menor que qualquer viagem que façamos para passar o fim de semana em outro lugar. Além disso, a maioria dos cirurgiões plásticos passa a vida realizando cirurgias, sem registro de mortes.
Estética e Plástica - A minilipo é mais perigosa?
André Amadeu – Verdade, a lipoaspiração geralmente envolve uma região ampla da superfície corporal e se for realizada sob anestesia local, a quantidade de anestésico terá que ser muito superior ao limite permitido. Quem faz lipo com anestesia local não respeita obviamente este limite, o que pode acarretar sérias complicações, como crise convulsiva, arritmia cardíaca e até parada cardiorrespiratória. A anestesia peridural é a mais usada em lipoesculturas e é, sem dúvida, mais segura. Além do que, a minilipo geralmente é feita, sem condições adequadas de antissepsia, sem anestesista, ou monitorização.
A indicação correta de minilipo é quando a região a ser tratada é pequena, como no caso de uma lipo de “papada” ou apenas na parte posterior dos braços. Por isso, nenhuma lipo em abdome ou flancos pode ser considerada mini.
Estética e Plástica - O cirurgião injeta uma substância que liquefaz a gordura?
André Amadeu - Isto é um mito, não existe. Logo, há a infiltração de substâncias na gordura, mas o efeito é somente a vasoconstricção, para minimizar a perda de sangue. Portanto, não procede essa estória de “derreter” a gordura.
Estética e Plástica - Existe um aparelho que avisa quando a cânula se aproxima de um órgão vital?
André Amadeu – Mais um mito absurdo. Eu já ouvi de pacientes que um outro profissional havia lhes dito isto. É uma enganação, uma tentativa infeliz de convencer o paciente a operar. A verdade é que o único fator, que traz segurança ao paciente, é a competência do cirurgião. Não há aparelho que a substitua. As tecnologias envolvidas na técnica de lipo, como aparelho vibratório, rotatório e laser são para facilitar o procedimento de quem o executa, e não para trazer segurança.
Estética e Plástica - Pode demorar seis meses para ver o resultado final da lipo?
André Amadeu – Verdade, o resultado nos primeiros dias não deve ser levado em conta, pois há muito inchaço; a pele ainda não se acomodou; pode haver nódulos, hematomas e etc. Com mais ou menos dois meses, é que se tem um resultado próximo do ideal, porém, até os seis meses, podem haver pequenas modificações.
Estética e Plástica – A pessoa que faz lipo sempre engorda tudo de novo?
André Amadeu – Mito, uma vez que a lipo não serve para emagrecer a pessoa, mas para melhorar a distribuição da gordura, retirando excessos e aumentando, onde precisa. Muitas vezes, somos obrigados a pedir que o paciente emagreça para poder operar, para diminuir os riscos e favorecer o resultado. A pessoa poderá até engordar depois de operada, pois ela ficará em repouso por alguns dias, diminuindo o ritmo de gasto calórico. Ela também poderá cair na tentação da gula, resultando na volta do peso perdido. Mesmo assim, o novo contorno corporal tende a manter-se.
Estética e Plástica - Há um limite para a quantidade de gordura a ser retirada?
André Amadeu – Verdade, por uma questão de segurança não devemos exceder o limite de 7% do peso corporal e 40% da superfície corporal. Há uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que normatiza este procedimento. Em uma determinada região não podemos retirar toda a gordura, deixando a pele aderida ao plano muscular. Quando isto acontece, os resultados são terríveis. É preciso manter uma camada fina e homogênea de gordura.
Estética e Plástica - A gordura enxertada vai ser toda absorvida em algum tempo?
André Amadeu – Mito, pois existe a absorção de apenas parte da gordura enxertada. Esta absorção é de 30% a 40%. Portanto, a maior parte da gordura vai se integrar, de forma definitiva.
Estética e Plástica - Na lipo sempre existe a chance de uma perfuração de órgão?
André Amadeu – Mito, porque existem complicações que são ao acaso e independem da ação direta do cirurgião. Mas, a perfuração não. Ela é resultado de uma ação objetiva da mão do médico. Eu não posso garantir ao paciente que uma cicatriz vai ficar perfeita, ou que ele não vai ter uma infecção, pois intercorrências podem acontecer, apesar de raríssimas. Já a perfuração, esta sim, eu posso garantir que não vai haver.
Estética e Plástica - Fazer lipo pela segunda vez é mais difícil que na primeira?
André Amadeu - Verdade, quando a lipo é feita pela segunda ou terceira vez, em uma mesma região, há traves fibrosas naquele tecido gorduroso e muitos vasos sanguíneos neoformados, o que dificulta a execução do procedimento. O mesmo pode acontecer após infiltrações de enzimas ou carboxiterapia.
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