O pernambucano Cícero Venâncio da Silva, morador do povoado Fazenda Nova, em Quipapá (PE), conviveu os últimos 42 anos com uma má companhia que o incomodava e que, na infância, o afastava de colegas e vizinhos. Cícero nasceu com uma deformação congênita no lábio e em parte do nariz, nos dentes superiores e no palato ("céu da boca").
“Precisei me acostumar com a doença, mas hoje me sinto feliz por me livrar dela”, brincou Cícero Venâncio, casado, pai de sete filhos e um dos pacientes beneficiados pela Operação Sorriso na quarta edição do projeto, em Maceió.
Conforme relata Rejane Paixão, gerente de Unidades Externas da Santa Casa de Maceió, 92 interessados compareceram à triagem, sendo selecionados 44 pacientes. Como em alguns casos - como o do pernambucano Cícero Venâncio - foram realizadas até três intervenções simultâneas, o balanço final da Operação Sorriso contabilizou 76 procedimentos.
O cirurgião plástico Diógenes Rocha, que operou o piloto Felipe Massa após o acidente do GP da Hungria em 2009, atendeu ao convite da Operação Sorriso e realizou diversas cirurgias.
Um diferencial do projeto este ano foi a realização das chamadas cirurgias combo, aquelas em que além do lábio, corrigem também outras estruturas como o palato, arcada dentária etc. Nas edições anteriores a preferência era pelas cirurgias de lábio, que por serem mais simples e rápidas beneficiavam um maior número de pacientes.
Com prevalência de um caso para cada 700 nascimentos, o lábio leporino é democrático, atingindo todas as classes sociais. O problema é que a doença prejudica principalmente a população mais pobre, que não tem dinheiro ou plano de saúde para realizar a cirurgia plástica na infância.
"O lábio leporino atinge em cheio a auto-estima do paciente”, diz Rejane Paixão. Ações corriqueiras como sorrir, beijar e usar batom ganham ares de sonho inatingível. "Após a cirurgia, uma criança disse que estava feliz por poder usar batom. O sorriso mostrava sua felicidade”, concluiu.
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